Ska é um gênero musical que teve sua origem na Jamaica no final da década de 1950, combinando elementos caribenhos como o mento e
o calipso e estadunidenses como o jazz, jump blues e rhythm and
blues.
Foi o precursor do rocksteady e do reggae. Suas letras trazem sinais de
insatisfação, abordando temas como marginalidade, discriminação, vida dura da classe trabalhadora, e
acima de tudo a diversão em harmonia.
História
Historiadores da música
tipicamente dividem a história do ska em três períodos:
- A cena original da Jamaica, da década de 1960 chamada de primeira geração;
- A segunda geração conhecida por era two tone iniciada no final da década de 1970 na Inglaterra, em torno do selo de mesmo nome criado por Jerry Dammers, tecladista do The Specials;
- A terceira e mais atual geração ska, iniciada na década de 1980 com os gêneros de fusão ska punk e ska jazz.
Primeira geração
As origens do ska remontam o
final dos anos 50, onde após a Segunda Guerra Mundial os jamaicanos
compraram um número crescente de aparelhos de rádio.
Os produtores mais importantes da
Jamaica, Duke Reid e Clement "Coxsone" Dodd, viajavam assiduamente
aos Estados Unidos em busca de novos discos gravados por lá. Entre os dois
existia uma feroz concorrência, já que ambos eram donos de sound systems, que
eram caminhões equipados com microfones e alto-falantes, usados para fazer
festas na rua. A rivalidade entre os dois produtores chegou ao ponto de um
mandar sabotadores (dancehall crashers) a festa que o outro organizava.
Esse sistema de som criado por Duke
Reid, Clement Dodd e Prince Buster, foi feito para atender à demanda
da música americana. Artistas de R&B bastante ouvidos nos anos de
1950 eram Fats Domino (rock'n'roll) e Louis Jordan (jump blues, rock'n'roll),
entre outros. Foi o jump blues a primeira explosão comercial do R&B
nos anos de 1940 através de Louis Jordan, antes ainda do rótulo rhythm
and blues (R&B) ser criado por Jerry Wexler em 1948. O jump
blues é conhecido como o antigo rock'n'roll, e, os elementos de jazz
presentes no ska se devem também a ele, já que o estilo era uma fusão de
blues, boogie woogie e big band do swing (uma forte variante do jazz).
Quando o R&Be jump blues saíram
de moda nos Estados Unidos, houve uma importação massiva de discos para a
Jamaica, obrigando os produtores locais a buscar uma solução, já que os discos
que eles traziam deixaram de ser "raridade". A solução do problema
foi produzir suas próprias gravações com músicos locais, ou seja, versões
próprias do R&B.
Essas versões podem ser
consideradas as primeiras formas do ska. A peculiaridade do estilo se deve
também à fusão entre os estilos americanos e os estilos caribenhos, como o mento
da Jamaica e o calipso de Trinidad & Tobago. As primeiras gravações de ska
podem ser encontradas em "Boogie in My Bones" (1958), "Drinkin'
Whiskey" (1959), "Boogie Rock" (1960), "Aitken's
Boogie" (1960) de Laurel Aitken, e em "Oh Carolina" (1960)
de Folkes Brothers, um grupo de mento. A canção "Oh
Carolina" foi produzida por Prince Buster. Outra gravação pioneira
foi "Please Let Me Go" (1959) de Owen Gray. Nesse período Derrick
Morgan e Duke Reid gravaram canções como "Lover Boy" e
"Oh My". Prince Buster em 1962 lançou a "They Got To
Come".
Há várias versões de como o ska
foi inventado. A mais conhecida é a que tem Cecil Campbell (Prince Buster) como
protagonista e conta que ele pediu ao seu amigo Jah Jerry (que mais tarde
tocaria nos The Skatalites) que compassasse o ritmo do R&B, fato que deu como
resultado o famoso som de guitarra na off-beat, que todos conhecemos como batida
do ska ou ska upstroke. O autor da palavra ska foi o baixista Cluet Jonhson,
que saudava todos os seus amigos dizendo "Hey Skavoovee". Além
disso, a pronúncia da palavra assemelha-se ao ritmo da guitarra.
Outra que é uma das primeiras
canções de ska gravada foi, "Easy Snappin" do pianista Theophilus
Beckford em 1959, ano correspondente à primeira tiragem produzida por Coxsone
no Federal Studios. A banda que acompanhou o pianista era formada, entre
outros, pelo já mencionado Cluet Jonhson e Roland Alphonso, que depois faria
parte dos Skatalites. O maior sucesso de toda a história do ska foi "My
Boy Lollipop" de Millie Small, adaptada ao estilo por Ernest Ranglin.
A versão original era cantada por Barbye Gaye. Vendeu 7 milhões de cópias ao
redor do mundo e possibilitou ao ska poder ascender a outros países.
Os Skatalites foi uma das
primeiras bandas de ska, formada oficialmente em 1964, fazendo sua primeira
apresentação em um festival no Hit-Hat Club. Após o festival, a banda
gravou seu primeiro álbum Ska Authentic e começou a viajar pelo país
fazendo festivais acompanhando diferentes cantores, dentre os quais Jackie Opel,
Lord Tanamo e Laurel Aitken.
Depois do sucesso da cantora
Millie Small com "My Boy Lollipop", realizou-se um festival
para a televisão estadounidense intitulado This is Ska, onde tocaram ao
vivo os Maytals, Jimmy Cliff, Monty Morris, entre outros. A banda acompanhante
era Byron Lee & The Dragonaires, não por que tocava melhor que os
Skatalites, senão por que estes últimos eram rastafaris e sua
"aparência" não era desejada para o público americano. Em 1964, os
Skatalities conseguem por no top ten britânico a música "Man in the
Street".
Além dos Skatalites, dentro e
fora da Jamaica, também destacavam-se:
Owen Gray, pioneiro à gravar
álbum de ska, "Owen Gray Sings (1961)", e seu primeiro
compacto simples Please Don't Let Me Go (1959) foi uma das primeiras
canções gravadas do gênero. Também foi o primeiro a gravar um disco de ska na
Inglaterra, Darling Patricia, acompanhado por Carlos Malcom and his
Afro-Jamaican Rhytms.
Derrick Morgan, conhecido em sua
época por suas loucuras, escreveu uma canção "Foward March" na
qual descrevia o otimismo geral da Jamaica ao haver obtido a independência em
1962. No ápice de sua carreira manteve uma guerra midiática com Prince Buster,
já que este gravou uma música insultando-o. Derrick respondeu-lhe e assim
seguiram com uma sequência de canções um contra o outro. Na verdade, os dois
eram muito amigos e tudo havia sido uma estupenda campanha publicitária, que
terminou com um festival onde cantaram os dois diante de uma multidão
descontrolada.
Laurel Aitken, nascido em Cuba,
emigrou com sua família para a Jamaica quando ainda não havia completado doze
anos. Sua carreira começou no fim dos anos 50 e seu repertório ia desde o boogie
até o calipso, passando pelo R&B. No início dos anos 60 foi apelidado de The
Godfather of Ska (o padrinho do ska) já que o single "Litle
Sheila"/"Boogie in my Bones" foi o primeiro sucesso ska que
se manteve no primeiro lugar durante onze semanas. Mudou-se para a Inglaterra,
onde fundou a comunidade jamaicana de Brixton. São destacáveis seus trabalhos
na época do rocksteady e posteriormente do skinhead reggae, depois deste
desaparecer por um tempo. Laurel faleceu em 2005 de enfarto.
Prince Buster, trabalhava na
soundsystem de Coxsone, que abandonou, para montar a sua própria, que se chamou
The Voice of the People, tinha os melhores sons, mas nunca pôde superar
a concorrência de Duke Reid. Mais tarde passou a trabalhar numa estação de
rádio chamada RJR e lançou-se como produtor e posteriormente como cantor. As
letras de suas músicas refletem o modo de ver a vida pelos olhos de um rude boy.
The Wailling Wailers, formado por
Peter Tosh, Bunny Wailer e Bob Marley, gravaram seu primeiro single em 1962,
com o título "Judge Not". Isto graças a Jimmy Cliff, amigo de
Bob Marley, que o apresentou a Leslie Kong, um dos produtores mais importantes
da Jamaica. A música com a qual eles chegaram a fama foi "Simmer
Down" onde a banda acompanhante era The Skatalites.
Ska no Brasil
Os primeiros passos do ska no
Brasil remontam à época da Jovem Guarda, com a releitura de sucessos jamaicanos
por nomes como Renato e seus Blue Caps e Wanderléia. Contudo, poucos se davam
conta de que aquilo se tratava de ska.
Nos anos 80, o ritmo começa a ter
uma maior divulgação - principalmente graças aos Paralamas do Sucesso, que
sempre apostaram muito no ritmo, em especial nos álbuns O Passo do Lui e Selvagem?.
No meio das bandas de rock nacional que faziam sucesso na época, surgiu o Kongo,
que realmente podia se proclamar uma banda de ska. O grupo teve CD produzido
por Bi Ribeiro, baixista do Paralamas, e "Biquíni Defunto"
chegou a ter boa execução na rádio. Mas a banda não conseguiu construir uma
carreira realmente de sucesso, perdeu visibilidade e passou por longos períodos
de recesso, apesar de ainda continuar na ativa.
Apenas no fim dos anos 90 surgiu
uma leva de bandas nacionais de ska que conseguiu algum espaço. A Paradoxx
lançou a coletânea Ska Brasil, com nomes como Skamoondongos e Mr. Rude.
O Skuba teve dois CDs lançados e chegou a conseguir boa execução de suas
músicas nas rádios e na MTV. Também os cariocas Los Djangos lançaram CD pela
WEA - e assim como o Kongo, foram produzidos por um integrante dos Paralamas, o
baterista João Barone.
Porém, esta nova geração do ska
não conseguiu um desenvolvimento maior; o Skuba acabou, o Djangos passou um
tempo parado antes de retornar fazendo um som com outras influências e nenhuma
outra banda conseguiu ir em frente com sucesso. Atualmente, novas bandas de ska
continuam procurando espaço no underground em todo o Brasil, em sua maioria
influenciadas por bandas do ska tradicional e suas variantes mais próximas, como
o King´s Tone (Curitiba), e da terceira geração do ska internacional. Entre
elas, podem-se citar Móveis Coloniais de Acaju, E a Vaca foi pro Brejo, Bois de
Gerião, Clarence Full Dead, Coquetel Acapulco, Spectroman, La Bamba,
Maleducados, Firebug, Sapo Banjo, Skambo, Lucky Ska Walker, El Cabong,
Walligator, Caravana2k, Zé Oito, Radio Ska, Aniska, Satélites na Babilônia,
entre outras.
Apesar do ska não ter se
consolidado como um ritmo conhecido no país - a bem da verdade, a maioria das
pessoas simplesmente não sabe do que se trata - boa parte das bandas de pop
rock nacional de sucesso têm algum ska entre seus hits. Paralamas do Sucesso, Skank,
Ultraje a Rigor, Titãs, Kid Abelha, Los Hermanos, Capital Inicial, Charlie
Brown Jr, Forfun e atualmente até a banda CPM22. - todas já passearam pelo
estilo em algum momento. Até mesmo o Legião Urbana gravou um ska ("Depois
do Começo", do álbum Que país é Esse?) , Os Raimundos possuem
duas musicas no estilo Papeau Nuky Doe (canção presente no álbum Cesta
Básica) e Me Lambe um dos maiores sucessos do grupo, presente no albúm Só
no Forévis. O primeiro álbum dos Engenheiros do Hawaii, Longe Demais das
Capitais de 1986, também lembra muito o ska.
No punk rock, bandas como o Inocentes,
foram das primeiras bandas a tocarem ska no brasil ("Não Acordem a
Cidade" de 1981, que foi gravada no álbum Pânico em SP de
1986).
fonte:Wikipédia
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